quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A espera



é fim de ano , 
e na sala espero , 
passa a retrospectiva 
e eu sou conviva.

os ais perdidos , 
despidos nas agonias , 
sorrisos como abrigos 
em amizades dos dias, 
o céu do mais azul 
ao mais cinza , 
uma pele de morena do sul , 
e o desejo que não alcança.
a esperança em lambada, 
o desgosto em valsa, 
o peito em cantata , 
a fé em salsa, 
as danças , as danças 

e quita os tormentos, 
pavores e quimeras, 
esfinges em remelas 
turvadas nos olhos 
do amanhecer , 

e quita os isentos , 
momentos e instantes, 
gozos de amantes 
o vicio e o prazer...

ai , é fim de ano , outro virá 
mas o quanto ira apetecer ?
não sei , mas eis a beleza da vida , 
uma espiral que se renova , 
no mesmo ponto de partida.
sem por quê
T.V.V

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Quando o sentido discorre 


dos versos abaixo , não culpe se cansar os olhos,
nem se o faço de muita emoção ,
 hoje estou cansado de comedir,
quero que escorra em mãos como um
épico desleixado , sendo aqui o cavaleiro
desvairado , boêmio, um byrom , aquele
ser mundano que de nada tem de herói ,
de nada tem em ser meio humano
ou meio divino , o que se tem é o demais,
o metron, híbris , a ganancia , o gozo , a fúria,
o extremo , a ebriedade de aqui estar...
não sangra nenhum papel , nem os dedos
que os preenche , não cai aqui nem gota
de lagrimas, pois ja não sonho com tempos de outrora,
não desejo hoje escrever em tinteiro
sob o lampião do campo em luar.
aceito-te era, hera, quimera, e as demais criaturas
seja a devassa ou donzela...
a madrugada esfria , e nenhuma dama me espera,
e o céu se banha sem luar,
a rua é fria , oca e opaca, negra nos becos
onde os namorados não fazem romance, se enrolam,
perversos , maliciosos...
não há uivo , nem vampiros, morreram a tempos
sem sangue inocente para que os alimente,
pois os pudores ingênuos ja sairam de casa...
esta tudo tão mudado  aos escritos,
que nem sei se sou ficção ,
personagem ...me chamaram de ser  depressivo,
horrendo , morto vivo , pois
quando vi mariposas sob lampadas chamei-as;' bestas!!
criaturas de naturezas absurdas,
que procuram a luz, o inalcansável ,
sendo que há escuridão de sobra para se viver.'
não é moribundo ideal , e sim racional,
qual seria privar a mão de mefistófeles , se no fim
morrerá em luz, ou treva ,mas morrerá.
quando dizem-me carpe die ,
eu colho até as mangas larvadas, amassadas, e bicadas,
colho ... vejo... como...um dia , vivo e morro a cada momento.
ai...ai...!

onde encontro a trombeta do sétimo descanso?
por qual estou  para aprender?
sentir , coisa de pele ,
só que mais adentro , alma , espirito , carmas , energia , não sei ,
sentir, estética desvaria do sentimento que procura o belo
no mundo horrendo .
ja nem sei se sinto mais , 
ja nem tenho em meios meus ais,
o que sei é que vejo uma vênus convulsa e descabelada, 
e que minha pena escreve sem pena 
o desejo de corromper a mais bela Athena.

T.V.V

sala em monodia 


canta um sopro na flácida carne,
e clama a alma para que tal
erre os músculos,  acertando o nervo ,
para que pulse um algo , talvez
um que , de onde se procura um mais,
pois além de um silencio sem por que .
entona na sala a canção muda...
e o tempo passa absoluto,
sem olhar pra traz ,
nem se quer um adeus ,
e as lembranças se afogam nos meus;
abafados cantos entoados em mim...

ai! rasga algo em minha voz ,
algo atroz e algoz em desejo,
pois na sesta não mato o tempo,
almejo um jazigo para a indolência
que se acomoda no peito ,
mais gorda que um tormento em leito.

T.V.V

passando


Eis um mistério pequeno, 
Um encanto que as circunda ,
Relvinhas nos pés infantes.
Olhos pequenos , brilhantes,
Vendo como a vida afunda
Em possa feita d' sereno...

Brinca , dentre o quintal  viver, o curumim, 
E ai de mim impor fim 
Nessa alta
Ciranda 
Onde a vida canta o efêmero .

T.V.V



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Filhas de Mata Hari

flor minha que voou , 
onde repousa tuas pétalas?
terá dado mais polem 
ao jardineiro que te ganhou ?

dama minha que foges, 
onde terá se repousado,
terá um castelo só teu 
pelo cavaleiro que a tenha salvado?

ó femme fatale , quem te pinta que te cale 
os lábios de mais apaixonante emblema , 
escudo trágico 
qual ares amou helena.

se mordes a maçã dando piscadela , 
fazendo delirar bentinho sob tua quimera, 
mulher, casa que Odisseu espera, 
é algo divino ou fera?

e meu olhos voltados aos teu seios, 
e meu corpo em desejo de penetrar seus meios, 
e o mundo não existindo 
pois volto-me a ti!! ...

enquanto tão longe tu danças 
onde meu ser não alcança ,
enquanto o tempo se posiciona 
fuzilando a esperança.

T.vV
ventania , ventanias ,
passas sobres cabelos das vias, 
passas ali com as maresias , 
passas , mesmo se tardias , 
trás lembranças que mais jazias , 
refrescos de esperanças vazias 
desmanchando as flores das elegias
o qual perfume nutrias.

ventania, ventanias
vai deitando os capins das agonias
com o vendaval da existência e aporias, 
com as entaladas sinas que fias, 
como vento beijando floras que partias, 
como bóreas em ciumento bem de alegrias,

ventania , ventanias , 
qual zumbidos tu dizias 
que merindilogum sabias,
logo ,quem fazias
terá suas estrias 
num ensejo que enfias 
clemencia a quem muito arredias?

ventania, ventanias
quem é que te crias ,
como espelho meu 
nada mais que passagem de tormentos e aprazias ? 

T.v.V

Do natural: efêmero.


olhos à janelas, 
as faces mais róseas que de donzelas 
sonham um futuro, 
mas eis que passam pelo túnel escuro:

a paisagem diante passa como simbolo
de que viagem é hora
de tempo que flora 
na existente passagem desses passageiros.

o pitoresco horizonte se estende como o infinito
é quase religião , um rito,
olhar pra ele e se encontrar desfeito.

a vida , raro efeito
de passagem.
 nada mais que miragem ao leito.

T.V.V